terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Um modelo de Private Equity

As 23 empresas do grupo MIF atraíram a atenção da ECS Capital. Segue-se a sua reestruturação para ganhar peso no sector alimentar

0 MIF - Manuel Inácio & Filhos, um dos principais grupos nacionais na área agro-alimentar, passou a ser controlado pelo Fundo Recuperação da ECS Capital, que assume, assim, a gestão de marcas como a Izidoro.
A operação, que começou a ser negociada no final de 2009, visa a recuperação, reestruturação e modernização deste grupo de raiz familiar, centrado nos suínos e na carne de porco, com 23
empresas, vendas de €124,6 milhões, 1800 postos de trabalho directos e indirectos, problemas financeiros e um passivo cujo valor não foi divulgado. Com o acordo, o fundo assumiu controlo de 86% do capital do MIF, enquanto a família fundadora deixava a estrutura acionista do negócio, que soma unidades industriais e explorações de suinicultura em várias zonas do país, com destaque para o Montijo, onde está sediada a unidade de carnes, e Rio Maior, sede dos activos relativos à produção animal e rações.
0 programa de ação desenhado para recuperar a saúde financeira deste grupo de empresas,
adaptá-las ao mercado e dar-lhes capacidade competitiva num contexto dominado por multinacionais passa por "ganhos de eficiência a nível produtivo". Na área da gestão a prioridade é "investir na melhoria de processos, em fundo de maneio e no estreitamento das relações com os parceiros de negócio". A internacionalização das marcas e produtos do grupo, atualmente limitada a 13% das vendas, é outra aposta a vencer.
0 objetivo "é cimentar a posição ao do MIF no sector alimentar em Portugal", referem os responsáveis do fundo, confiantes na viabilidade e no potencial de crescimento do projeto, que deverá registar vendas superiores a €100 milhões em 2011.
0 grupo está presente nas principais fases da cadeia de valor da fileira, da produção de rações e alimentos compostos (marcas Progado e DIN), à produção e abate animal (Intergados), carnes frescas (Dilop Carnes) e transformadas (Izidoro, Damatta e Fumeiro da Aldeia). Neste
último segmento, que envolve produtos como salsichas, chouriço e fiambre, terá uma quota de mercado próxima dos 15%.
Os principais concorrentes são vários, de acordo com cada um dos segmentos do negócio, da Nobre&Campofrio, com vendas próximas dos €130 milhões em 2009 nas carnes transformadas, à Valouro, que faturou €119,8 milhões nas rações.
A entrada da ECS neste projeto agro-alimentar surge no momento em que o sector acaba de enfrentar subidas na ordem dos três dígitos em algumas matérias-primas, com destaque para a “bolha” nos preços dos cereais, o que criou um quadro problemático: que tem sido mais facilmente resolvido pelos operadores com maior dimensão e impulsionou alguns movimentos
de integração entre empresas da fileira.
Líder no mercado de private equity (capital privado) em Portugal, a ECS controla através do seu Fundo Recuperação empresas de diferentes sectores, como a MoveOn, Artenius Sines e Inapal Plásticos, estando também a preparar-se para entrar nos têxteis, através da Coelima; António Almeida & Filhos e JMA. Entre as seus investidores estão a CGD, Millennium BCP e BES.